“Assim que saiu que ela ia fazer show aqui eu montei uma página no Facebook para ver quem queria revezar na fila. Fui pegando a disponibilidade de cada um para poder montar a escala, depois que a gente montou a escala fechamos o grupo. A maioria se conheceu pela internet”, contou a designer Rosali Aline, de 25 anos, que tem quatro tatuagens em homenagem à cantora gravadas no corpo. “A gente tem crachá de identificação, justamente para ninguém chegar aqui falando que é de algum grupo”
Pelo menos quatro pessoas ficam a cada revezamento na fila. O tempo de permanência é de 24 horas – a escala é impressa e o tempo de permanência é anotado. A quantidade de horas de fila será o critério para garantir prioridade de entrada. Parte do grupo foi para o Rio de Janeiro para o primeiro show da cantora no Brasil. Eles retornaram para a fila nesta quinta, e os integrantes que garantiram o lugar durante os dias de viagem foram para casa descansar. Nesta noite, as 19 pessoas voltam e passarão a noite em frente ao Anhembi para o show desta sexta.
“Nós organizamos para ninguém ter prejuízo com escola, trabalho faculdade. Só vamos perder no dia do show, que todos estarão aqui. Eu estou perdendo trabalho hoje e amanhã [quinta, 18 e sexta, 19], mas tenho minha empresa, então não tem problema”, contou a designer. Para comer, eles vão a um restaurante da Aeronáutica que fica no Campo de Marte e a um supermercado próximo. Eles também usam o banheiro nestes locais. Durante a noite, barracas e lonas fazem o papel de proteção contra a chuva e o frio. “Já perdemos uma barraca com a chuva, molhou tudo.”
O grupo em segundo lugar na fila também tem esquema de revezamento e crachá para 20 pessoas. “Essa é a fila mais organizada da qual eu já participei”, diz o técnico em eletrônica Éder Oliveira, de 26 anos, que tem uma tatuagem da cantora na perna. “Aqui na fila todo mundo trabalha, estuda. Muitas pessoas às vezes falam ‘esse pessoal não tem o que fazer’. Muito pelo contrário, aqui nós temos aeromoça, gerente de restaurante, eu sou técnico em eletrônica, a escala serve justamente para todo mundo curtir o show sem atrapalhar a vida das pessoas.”
Para todos, o show de Britney Spears vale todo o sacrifício. “Eu vi no Rio, mas aqui em São Paulo a expectativa está muito maior. Eu mal consigo parar de pensar. Você fica pensando, ela está aqui, não acredito”, diz Rosali, que vai tentar seguir a cantora depoios do show. “O amor por ela é maior que tudo, é o que move a gente a estar aqui. Quando ela abre aquele sorriso todo o mundo vem abaixo”, afirma Oliveira.
Quatro dias na fila
Na pista normal, os primeiros da fila chegaram apenas no sábado (12) – mas um deles só foi para casa uma vez desde então. “Estou dormindo aqui todo dia, tomei chuva, passei frio. Para comer vou no supermercado, compro um salgadinho. Só comi comida mesmo uma vez, ontem, quando fui para casa. Fiquei só umas três horas longe daqui”, contou o cabeleireiro Thiago Ribeiro, de 22 anos. Ele é de Manaus e se mudou para São Paulo há um mês – aproveitou o show de Britney Spears para mudar de cidade.
Para conseguir passar uma semana na fila, ele trabalhou dobrado durante duas semanas. “Fiquei trabalhando em dois turnos para conseguir a semana de folga”, contou. “Com certeza vale fazer tudo, até mais. Faço qualquer coisa por ela. Estou muito ansioso, não estou conseguindo comer quase nada, toda hora pensando, agitado, não consigo dormir.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário